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Desafios para os cuidadores

Ao conviver com uma pessoa durante anos, seja esta familiar, amigo, vizinho, existem sempre laços e afinidades que acabam se criando. Quando essa pessoa de repente sofre de uma demência que traga complicações ao seu dia-a-dia, não é só o demente que terá uma vida afectada, mas também o seu cuidador. 

É uma espécie de "despedida gradual" em que ambas as partes sofrem. É um sofrimento causado pela ausência de espírito que se torna cada vez menor.

 

No entanto, a pessoa está ali só que, digamos, "transformada, alterada" - é uma nova pessoa. 

No caso em que a pessoa com demência seja a mãe, pai, avó, avô, ou outro que de certa maneira passou uma vida no papel de "cuidar do outro", é importante que o cuidador entenda aqui uma inversão desses papéis. 

 

A pessoa que anteriormente cuidou, terá de ser cuidada. A pessoa que anteiormente foi cuidada, terá agora de cuidar. 

 

 

Desafio: Inversão dos papéis

Desafio: Amar uma "nova pessoa"

As transformações a que a demência obriga quando "decide" atingir tal indivíduo, podem ser gradualmente visíveis pelo cuidador. Esquecer-se de apagar o fogão, estar constantemente a fazer a mesma pergunta, andar desorientado pela casa, entre tantos outros sintomas possíveis, pode ser o começo em que o cuidador é trazido à realidade e começa a tomar consciência da partida que a vida lhe trouxe. 

 

No entanto, apesar de haver uma tomada de consciência já aqui, o poder ouvir uma confirmação destas ideias pela boca de um profissional de saúde é o momento em que a porta para a realidade é oficialmente aberta. É o choque a que o cuidador tem de se ver forçado a encarar.

 

 

 

Desafio: Ouvir o diagnóstico pelo(s) próprio(s) médico(s) - a queda para a realidade

Mesmo ultrapassada a fase de aceitação e de amar uma nova pessoa, o cuidador irá se deparar diariamente com alterações constantes da pessoa a nível cognitivo e motor. 

 

A perda gradual das capacidades da pessoa com demência faz com que esta seja  cada vez mais depende do cuidador, o que poderá levá-lo a uma mistura de sentimentos, frustações e confusão. Mesmo que o cuidador aparente ser capaz de fazer aquilo porque realmente quer ajudar, isso não implica que o seu mundo interior não sofra uma reviravolta.

 

 

Desafio: Estar preparado para sentimentos ambivalentes

Minayo, M.C.S. & Coimbra Junior, C.E.A. (orgs) (2002). Antropologia, saúde e envelhecimento [online]: Rio de Janeiro: Editora Fiocruz

 

Leitão, O.R. & Morais, M. (1999) Manual do Cuidador da pessoa com demência. 1ªed. em português, A.P.F.A.D.A. Lisboa

 

“[...] preciso aprender que tenho que primeiro cuidar de mim antes de desejar ser o anjo da guarda de alguém.” Kamylla Cavalcanti

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