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Entenda-se companheiro aqui como um parceiro, um familiar ou um amigo. 

 

Reviver memórias, conversar sobre o passado e partilhar confissões e experiências podem já não ter o mesmo significado quando com quem o fazemos sofre de algum tipo de demência que comprometa a memória e a comunicação. 

 

Muitas vezes os companheiros podem sentir que a pessoa perdeu a confiança em si, perdendo assim um confidente, tudo isto em detrimento da doença.

 

Neste sentido, é necessário interiorizar uma aceitação de mudança e do sentimento de perda, de modo a enfrentar a reviravolta que a vida lhes obriga. 

 

No caso de ser o parceiro sexual, deve continuar a proporcionar à pessoa com demência carícias sem ter uma relação sexual plena aceitando o facto de que estas carícias possam não ser retribuídas.

 

A ideia essencial aqui subjacente, não é apenas olhar para o bem-estar do demente esquecendo-se de que os companheiros também são pessoas com as suas necessidades e sentimentos.

O stress vivido pelas pessoas, familiares, enfermeiros, e/ou outros que cuidam de pessoas demenciadas, são claramente maiores do que daquelas que cuidam de pacientes com outras doenças.

Como tal, é muito importante que os companheiros, parceiros e familiares não guardem tudo para si; falar com outras pessoas poderá ajudar a perceber que não se encontram sós e não é, de todo, egoísmo por parte destes se tentarem procurar um refúgio à “perda” que tiveram. Se necessário, deverão mesmo recorrer a um profissional de saúde, como um psicólogo. 

 

                  VER separador "Ultrapassar fronteiras > dia-a-dia do cuidador"

                  para informações mais detalhadas neste tópico

 

 

Será que... Perdemos um companheiro quando este tem demência?

Será que... Conseguimos oferecer segurança sem privar da liberdade do demente?

"O melhor uso da vida consiste em gastá-la por alguma coisa que dure mais que a própria vida." (William James)

 

Para se colocar de parte qualquer tipo de acidente como queimaduras, cortes, fugas de gás, quedas, fugir de casa ou até mesmo tomarem comprimidos errados ou em excesso, ter-se-ia que aplicar uma vigilância 24 horas sob 24 horas - isto a nível de segurança é bom, a nível de privação da liberdade é péssimo. 

 

Portanto, não podemos ter o melhor dois mundos sem ter de privar de um. 

 

Atendemos então a questão de modo a que se consiga proporcionar uma segurança q.b. sem restringir da sua liberdade.

 

A ideia principal é criar um ambiente confiante para a pessoa com demência. 

 

O primeiro passo seria o cuidador tentar se colocar no lugar da pessoa com demência, compreendendo o que esta estará a sentir. Tentar interiorizar o quanto mais possível os sentimentos, angústias e frustrações da pessoa com demência nem sempre é fácil mas é essencial. 

 

 

 

 

 

 

Para criar o ambiente seguro em si, é ainda necessário que se esconda objectos que representem algum tipo de perigo:

  • medicamentos;

  • produtos de limpeza e outros tóxicos;

  • isqueiros;

  • objectos cortantes (facas, lâminas, etc).

 

Se possível, evitar usar cera no chão e colocar corrimões em casa é importante no sentido de ajudar a pessoa a movimentar-se sem o risco de quedas.

A iluminação da casa deverá ser bem nítida principalmente na zona entre o quarto da pessoa com demência e a casa de banho e não deverá haver fios de electricidade soltos.

 

 

Todos estes casos pressupõem que a pessoa com demência viva com alguém que o possa ajudar, no entanto, algumas pessoas vivem sozinhas, seja porque os familiares não tem condições nem possibilidades de as ter em sua casa, seja porque a própria pessoa não quer deixar a sua casa. Nestes casos específicos, manter a vigilância necessária é mais complicado mas, certas atitudes poderão ajudar, além das referidas anteriormente:

  • adaptar torneiras com um sistema de corte automático de modo a evitar inundações;

  • verificar os fios de instalação eléctrica principalmente se a casa for antiga;

  • verificar regularmente lâmpadas;

  • verificar que o aquecimento oferece segurança e conforto;

  • pode lembrar o que a pessoa deve fazer na sua ausência deixando mensagens estrategicamente colocadas;

  • se for o caso, pedir a um vizinho que de vez em quando vá vigiar a pessoa;

  • garantir a segurança das portas e janelas;

  • manter sempre umas chaves suplentes;

  • fazer chamadas e visitas regulares;

  • se possível, avisar os comerciantes que a pessoa pode se esquecer de pagar algo;

  • certificar-se que a pessoa tem sempre uma identificação com ela, como por exemplo, uma pulseira com o nome de um vizinho ou familiar inscrito nela.

 

 

 

 

 

Para todas as situações referidas, é importante reter que tudo dependerá das condições, ou da fase da doença que a pessoa estiver. 

Existem fases avançadas de algumas demências, na pior delas, a pessoa deixa de reconhecer as pessoas e esquecem-se dos mais minuciosos pormenores.

"Acordo de noite e vejo-o ali, mas ele não está realmente ali, não está realmente presente (...) Quando morrer, vou sentir muito a falta dele, mas de certo modo, ele já aqui não está - não é a mesma pessoa vibrante que eu conheci. Vivo num luto permanente, o tempo todo"

Sacks, O. Musicofilia. p. 314

Leitão, O.R. & Morais, M. (1999) Manual do Cuidador da pessoa com demência. 1ªed. em português, A.P.F.A.D.A. Lisboa

 

Sacks, O. (2007) Musicofilia. Lisboa: Relógio D'Água Editores

 

Minayo, M.C.S. & Coimbra Junior, C.E.A. (orgs) (2002). Antropologia, saúde e envelhecimento [online]: Rio de Janeiro: Editora Fiocruz

 

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