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Atenuar a demência

 

 

“Existem doenças incuráveis, porém não existem doentes intratáveis.”
(ABRAZ)

Apenas uma minoria dos indivíduos têm causas tratáveis de demência (tipos reversíveis). Nestes casos o primeiro passo é tratar qualquer distúrbio físico que possa estar causando a demência com o objectivo de interromper e reverter os sintomas na medida do possível.

Para os restantes, o tratamento tem como objectivo manter as capacidades que apresentam o máximo possível, aliviar os sintomas que causam angústia, garantir as necessidades básicas do paciente e fornecer apoio aos cuidadores e família.

 

Neste tópico apresentamos diferentes abordagens possíveis da demência, nomeadamente medidas de carácter geral relacionadas com as rotinas e bem-estar físico e relacional dos indivíduos com a doença, o tratamento farmacológico e algumas técnicas psicoterapêuticas disponíveis.

 

Medidas de carácter geral

 

Logo à partida há uma série de medidas a providenciar pelos familiares, amigos, vizinhos, profissionais de saúde e todo o universo que rodeie o indivíduo com demência.

 

Falamos em: 

  • bom relacionamento entre cuidador(es) e demente, de maneira a criar um ambiente agradável

  • rotina de actividades que promovam o bem-estar, incluindo deambulação, exercícios físicos, actividades sociais e intelectuais (dentro do possível)

  • adequação do ambiente doméstico às necessidades e limitações do demente, tornando-o seguro e fácil de ser percorrido

  • modulação dos estímulos ambientais - em excesso pode piorar a confusão mental e causar agitação e, pelo contrário, sendo escasso pode levar ao isolamento

 

 

Abordagem Farmacológica e Psicoterapêutica

 

 

Existem  fármacos utilizados no tratamento da demência irreversível. No entanto, os medicamentos até agora introduzidos na prática clínica têm eficácia sintomática, quer isto dizer que não curam a doença mas acalmam alguns dos sintomas e lentificam a sua progressão.

Estes  medicamentos  ajudam a melhorar ou resolver as situações, como os neurolépticos  que reduzem o delírio (quando presente), a agressão e a agitação melhorando a qualidade de vida do paciente e cuidadores ou os inibidores de acetilcolinesterase, que se verificaram prestáveis na melhoria das funções cognitivas e do desempenho nas actividades de vida diária. São também utilizados os antidepressivos a longo prazo, tendo mostrado algum efeito protectivo das perdas cognitivas associadas.

 

Porém, outras intervenções não farmacológicas como a Reabilitação Cognitiva que inclui diferentes técnicas como a Estimulação Cognitiva, a Terapia da Reminiscência ou a Terapia Comportamental  também tem alcançado resultados positivos quanto a melhorias cognitivas.  Procura-se um uso mais eficiente da memória, sendo então utilizadas técnicas que permitam exercitá-la, como é o caso das técnicas de repetição e treino. A Reabilitação cognitiva  ajuda a recuperar/compensar habilidades cognitivas ou comportamentais e podem ser realizados individualmente ou em grupo.

 

  • A Estimulação Cognitiva utiliza dinâmicas com características lúdicas, objetivando estimular as funções cognitivas, fornecer suporte psicológico e informativo e socializar o paciente. A estimulação deve favorecer os actos da vida quotidiana e estimular o paciente a estar atento ao que vê e ouve e a reter o facto globalmente. Quando a recuperação destas habilidades se torna difícil, são utilizadas e treinadas técnicas de compensação como manter um diário para relembrar coisas importantes (apontamentos, recados, conversas). A estimulação cognitiva em processo de reabilitação inclui, por exemplo, aspectos introdutórios como o cumprimento incluindo os apertos de mãos e o uso de nomes para identificar as pessoas, a utilização de um quadro onde figuram sempre dados de localização espaço-temporal (dia, ano, comentários efetuados), um relógio grande onde se marcam horários das atividades ou o treino de atividades da vida diária (uso de utensílios de cozinha, objectos de uso pessoal l...).

 

 

  • A terapia da reminiscência é uma técnica de evocação guiada que permite a recuperação de emoções anteriormente vividas, tendo por objetivo estimular o resgate de informações através de fotos, músicas, albúns de família, filmes e jornais e outros estímulos que possam relacionar-se com lembranças significativas da vida do paciente. Esta terapia valoriza o paciente através do seu conhecimento a respeito do seu passado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  • As técnicas comportamentais fundamentam-se em trabalhos experimentais que demonstram que o comportamento é influenciado pelas circunstâncias nas quais está inserido. As técnicas comportamentais são utilizadas para promover a mudança do comportamento não funcional do paciente, após a determinação clara do comportamento alvo a ser alcançado, obtida pela avaliação das entrevistas com familiares e/ou cuidadores e com o próprio paciente. As intervenções podem ocorrer nas situações que antecedem a comportamento, no comportamento em si e/ou nas consequências dele. Devem envolver o reforço positivo e nunca se limitarem à supressão de atitudes indesejáveis.

 

associação de técnicas de reabilitação cognitiva com o tratamento farmacológico, auxilia na estabilização sintomática podendo motivar melhorias nos défices cognitivos e funcionais. A realização de intervenções de suporte e de aconselhamento direccionadas não só ao paciente como também aos familiares, influenciam positivamente o bem-estar de ambos, pelo que é essencial a associação do tratamento medicamentoso a uma intervenção psicossocial adaptada a cada realidade.

 

 

 

                         VER os sub-separadores "um novo olhar" para mais

                         abordagens  ao nível das tecnologias disponíveis

Leitão, O.R. & Morais, M. (1999) Manual do Cuidador da pessoa com demência. 1ªed. em português, A.P.F.A.D.A. Lisboa

 

How Tumors Affect the Mind, Emotion, and Personality. Retirado de http://www.braintumor.org

 

Lucas C.O., Freitas, C., Monteiro, M.I. (2013). A doença de Alzheimer: características, sintomas e intervenções

 

Gonçalves, D.C., Albuquerque, P.B., Martín, I. (2008). Reminiscência enquanto ferramenta de trabalho com idosos: Vantagens e limitações. Análise Psicológica, 1 (XXVI) p.101-110

 

 

VER o separador ""ultrapassar fronteiras > dia-a-dia do demente" para uma ideia mais pormenorizada de tratamentos a curto prazo 

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